Espiritualidade em Caixa
Seu exercício de reflexão e sentido de vida
Apresentação da proposta
Espiritualidade se tornou um conceito em evidência que está cada vez mais relacionado à busca pela qualidade de vida. O conceito parece querer definir a ausência de algo, ou um algo a mais que permeia a vida e que oferece algo essencial. Pensar em uma definição de espiritualidade que não seja baseada apenas em exemplos e situações torna-se, por isso, complexo. O que enquadramos dentro do termo espiritualidade tem a ver com experiência e atitude, com qualidade e propósito. As pessoas têm algo de espiritual que aparece no jeito como elas se comportam e se relacionam. Pode-se dizer, portanto, que espiritualidade tem a ver com o todo da vida humana.
O termo espiritualidade é relativamente novo, tanto no âmbito religioso quanto no espaço acadêmico e na sociedade contemporânea. No século XX, o termo extrapola o âmbito religioso e passa a ser usado como uma dimensão humana essencial. Inclusive a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, em 1998, que “saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade.” Isso mostra o quanto o conceito de espiritualidade tem sido usado de forma abrangente, seja nas religiões tradicionais, nas novas expressões religiosas ou também na vida cotidiana, na arte, nos movimentos ecológicos e em outras áreas de conhecimento como psicologia, educação, assistência social, saúde, gestão, mídia e comunicação, entre outras.
Considerando este panorama vivencial e humano, a espiritualidade tem relação direta com a busca humana por sentido de vida e propósito definitivos. A espiritualidade surge da potencialidade humana de fazer perguntas frente às complexidades da existência. O ser humano busca por um sentido, especialmente frente às crises, dificuldades e incertezas que permeiam toda a sua vida. A busca pelo sentido e propósito definitivos encontra respostas, muitas vezes, na religião, mas também pode encontrar expressão na arte, no pensamento racional, nas relações com outros seres, no contato com a natureza.
Como exercício de busca de sentido, esta dimensão humana contribui para conexões mais profundas e significativas não só com outras pessoas, mas também consigo mesmo, com o mundo que nos cerca e com o transcendente.
Mesmo com esta abrangência, a espiritualidade carece de formas de expressão, de exercício, individual ou coletivo. Pode-se pensar que, assim como precisamos exercitar com regularidade o nosso corpo (exercícios físicos, alimentação e descanso) e nossa mente (leitura, instrução e estudo), a espiritualidade também precisa ser exercitada com frequência.
Por isso, a expressão e o exercício da espiritualidade na contemporaneidade podem encontrar outras formas práticas. Para tal, pode-se usar o corpo, a respiração, os sentidos, movimentos e gestos, o silêncio, lidar de forma atenta com aspectos da personalidade, com o caráter emocional ou racional, observar espaços, lugares ou símbolos específicos, estimular o contato com a natureza ou com outras pessoas, despertar propostas de engajamento sociopolítico, ou ainda, através da fruição de gostos e habilidades humanos como as artes, os exercícios físicos, hobbys e o esporte.
Espiritualidade em Caixa é uma ferramenta para exercitar a espiritualidade nesta abrangência conceitual. A elaboração da proposta baseou-se em estudos e pesquisas sobre a espiritualidade como dimensão humana desenvolvidos pelo Beatitude - Centro de espiritualidade, psicologia e bem viver da Faculdades EST. A proposta foi revisada por três especialistas em Mindfulness e Espiritualidade: Brenda Rafaela Rick, Joelma Aparecida Rodrigues e Michael Richard Reiner.
Espiritualidade em Caixa é composto por 50 cartas que podem ser utilizadas individualmente ou em grupos e sua aplicação é indicada para o público jovem e adulto. O conteúdo das cartas são proposições, exercícios e perguntas com foco na espiritualidade, na autorreflexão, na regulação emocional, na conexão consigo, com o outro e com contexto mais amplo na reflexão sobre o sentido e qualidade de vida.
Referências
BECK, J. S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 1997.
DROOGERS, A. Espiritualidade: o problema da definição. In: BOBSIN, O; SALDANHA SILVA M. R (orgs.) Ciências da religião: uma hóspede impertinente. São Leopoldo: Faculdades EST, 2020.
KOENIG, H. G. Medicina, Religião e Saúde: o encontro da ciência e da espiritualidade. Porto Alegre: L&PM, 2012.
MURAD, A. Gestão e espiritualidade: uma porta entreaberta. São Paulo: Paulinas, 2007.
PANZINI, Raquel GehrkE, et al. Quality-of-life and spirituality. International Review of Psychiatry, v. 29, n. 3, p. 263–282, 2017.
PUNTEL, C; ADAM, J. C. Mindfulness e espiritualidade como estratégia de enfrentamento em situações de crise. Estudos Teológicos, São Leopoldo, v. 61, n. 1, p. 239–255, 2021.
ZOHAR, D.; MARSHALL, I.. QS: Inteligência Espiritual. Rio de Janeiro: Record, 2000.
Conheça as Mentes por trás do Projeto
Júlio Cézar Adam
Doutor em Teologia pela Universidade de Hamburgo, com pós-doutoramento em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e em Teologia pela Universidade de Hamburgo (CAPES/Humboldt). É professor adjunto de Teologia Prática na Faculdades EST. Pesquisa na área da espiritualidade, religião vivida e mídias. É fundador e coordenador do Beatitude: centro de espiritualidade, psicologia e bem viver, São Leopoldo/RS.
Email: julio3@est.edu.br
Clairton Puntel
Mestre em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade FEEVALE e em Ciências Da Educação-Especialização em Educação e Desenvolvimentos Comunitário do Instituto Politécnico de Leiria (Portugal). Psicólogo Clínico com Ênfase na Terapia Cognitivo-Comportamental. Professor na Faculdades EST. Pesquisa na área da regulação emocional, redução de estresse e ansiedade, mindfulness e qualidade de vida. É fundador e coordenador do Beatitude: centro de espiritualidade, psicologia e bem viver, São Leopoldo/RS.